Últimos dias da exposição “Cachimba” no MUHCAB

Público poderá conferir a Programação Paralela organizada por Luanda, que inclui oficina de tranças e conversas sobre arte, história e religiosidade de matriz africana

A Programação Paralela da exposição “CACHIMBA”, da artista plástica Luanda, em cartaz na Sala Mercedes Batista do Museu da História e da Cultura Afro-brasileira, o MUHCAB, tem continuidade na próxima sexta-feira, dia 22 de julho, das 10h às 17h, com a oficina Tranças Ancestrais, ministrada pela artista Fernanda Souza, na Sala Educativo. No dia 23 de julho, sábado, às 15h, mulheres artistas se reúnem para um bate-papo na Sala Mercedes Batista. 

No dia 30 de julho, às 14h, na Sala Mercedes Batista, está prevista a finissagem da exposição, com a presença do atabaquista Durval Borges. Serão servidos alimentos de Pretos Velhos.

A exposição “CACHIMBA” nasceu da necessidade da artista plástica Luanda em expandir o campo do letramento afro para uma fusão de ideias da história com a religiosidade de matriz africana, que culminará na valorização da cultura e história afro-brasileira, como um todo, por meio da união dos sagrados Pretos Velhos às personalidades negras históricas do Brasil durante a diáspora africana no Atlântico Sul. A mostra remete à ressignificações das ancestralidades e reflexões sobre a intolerância religiosa. O encerramento ocorre no dia 30 de julho próximo (confira detalhes no “Serviço”).

As obras foram criadas após o término da defesa da tese de doutorado em artes, “Kalunga mu kizua — O mar em tempo”, em setembro de 2021, na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EBA-UFRJ). A artista vem trabalhando sobre o tema — arte e terreiro — há cinco anos, desde que entrou na Umbanda, em 2017, como rodante (quando o/a filho/a de santo entra em transe mediúnico), após muitos convites. Seu processo de criação artística, desde que chegou para viver no Rio de Janeiro, há sete anos, foi se transmutando e sendo paulatinamente permeado pelo sagrado de matriz africana. O trabalho foi incluindo elementos do Terreiro como flores, ervas, velas, cânticos, roupas brancas, louças, esteiras, entre outros objetos, enquanto na vivência em sua Comunidade de Terreiro a artista começava a girar (incorporar) com os entes da terra e os Orixás. 

Nesta exposição, Luanda aproxima as Pretas e Pretos Velhos de personagens históricos da resistência afro-brasileira nas lutas contra o racismo: o advogado Luiz Gama (1830-1882), por exemplo é retratado como Pai Cipriano. Ao repetir esse procedimento em cada um dos retratos, Luanda marca importante posição política, ao propor a convergência entre entidades sagradas e personagens históricos, trazendo a parceira sagrado-político como lutas de liberdade.

A EXPOSIÇÃO – PRETAS E PRETOS VELHOS
CACHIMBA é a primeira exposição individual de Luanda no Rio de Janeiro. São apresentadas duas séries recentemente desenvolvidas pela artista: “Histórias de Liberdade e Guias”, que consiste em um conjunto de pinturas-instalação e esculturas, e “Kalunga”, composta de pinturas de grandes dimensões. 

A série “Histórias de Liberdade e Guias”, realizada entre 2020 e 2022, é composta por cinco pinturas-instalação e duas esculturas, cada um dos conjuntos ocupando e ativando a sala de modo instalativo. As pinturas-instalação são retratos que combinam Pretas e Pretos Velhos e personalidades históricas no mesmo rosto, associando o sagrado, o histórico e o político. Nas paredes, esteiras de taboa e tecidos auxiliam o posicionamento das telas, expandindo-as para além da moldura; em frente e ao redor de cada pintura são posicionados banquinhos de Preto Velho e alguidares com objetos. “Assim, o espectador é envolvido em um processo de contemplação em que o olhar é direcionado de baixo para cima, dando corporeidade à experiência de contato com as obras”, observa Luanda. 

Em continuidade, duas esculturas ocupando o centro da sala trazem os signos do guia Pretos Velhos em grande escala: um cachimbo feito de barro é ampliado em grandes proporções, funcionando como um defumador de ervas; ao seu redor, um Rosário, com contas douradas, é estendido no chão, circundando o cachimbo. Ambas as peças, uma envolvendo a outra, têm a intenção de valorar/refletir a atuação dos Pretos Velhos nos Terreiros, mas, também ampliar a nossa visão sobre o trabalho desse ancestral da terra.

Será exibida, ainda, a pintura “Fundo do Mar nº 5”, que integra a série “Kalunga” (2018), formada por sete pinturas. Esta série contextualiza a travessia do Atlântico, levando o expectador a pensar em um hiato que é, ao mesmo tempo, a conexão entre América (Atlântico) e África.

SITE DA ARTISTA: https://luanda.art.br

SERVIÇO:
CACHIMBA
Programação Paralela da exposição individual de Luanda, com oficina de transças e rodas de conversa
A mostra ficará em cartaz até 30 de julho de 2022.
MUHCAB – Museu da História e da Cultura Afro-brasileira
Sala Mercedes Batista
Rua Pedro Ernesto 80, Gamboa, Rio de Janeiro (RJ)
Visitação: Quintas, Sextas e Sábados de 10hs as 17h
Entrada Franca

Assessoria de Imprensa:
Silvia Abreu

Créditos:
Guilherme Espíndola e Luanda

Esse post foi publicado em Agenda, Cultura, Exposição, Silvia Abreu e marcado , , , por Alex Vitola. Guardar link permanente.

Sobre Alex Vitola

Há alguns anos atrás jamais imaginei trabalhar com fotografia ou jornalismo. São mais de 20 anos na área de TI, em diversos provedores de Hospedagens como Administrador de Sistemas, Analista de Suporte e Consultor Técnico. Por questões particulares resolvi "dar um tempo", tirar umas férias de tudo. Neste meio tempo, comecei a fotografar e fazer a cobertura de shows e eventos culturais, apenas como um Hobby, não queria viver disso, não queria uma nova profissão. Com o passar do tempo a coisa foi ficando séria até que e em novembro de 2020 com apoio da Secretaria da Cultura do RS e da Feevale, lancei o projeto “PALCO-RS, uma Exposição Virtual dos principais shows nos palcos de Porto Alegre”. Veio a pandemia, e sem eventos presenciais entrei pra Faculdade de Jornalismo e paralelo a isso continuei estudando edição de imagens, produção cultural, marketing digital, gestão de tráfego e obviamente nunca deixando os estudos da área de TI de lado. Em 2023 fui finalista do Prêmio Profissionais da Música 7ª Edição na categoria "Convergência" "Canais Digitais de Divulgação da Música". Atualmente trabalho com Gestão de Tráfego Pago além de fazer a co-produção do Podcast Entrevista de Atitude.