O Grupo Afro-Sul de Música e Dança abre as comemorações dos seus 50 anos em atividades que se iniciam em novembro e se estendem ao longo de 2024

Créditos da Foto: Tuane Eggers
Créditos da Foto: Tuane Eggers

Homenagens, oficinas, shows, espetáculos, gastronomia, tudo para celebrar o meio século desse grupo essencial para a cultura afro-gaúcha, que completa 50 anos de existência e ativismo

Grupo Afro-Sul de Música e Dança, uma instituição cultural que funciona como movimento de luta e de valorização da cultura negra e do direito à livre expressão, existe há 50 anos. Isso já seria motivo de sobra para comemorar: pela longevidade, pela qualidade de seus trabalhos apresentados e premiados ao longo dessas cinco décadas, por seu rico projeto educativo, que forma jovens fortalecidos e orgulhosos de sua identidade, pelo afeto que envolve o público e seus criadores: Iara Deodoro e Paulo Romeu. Mas para além de toda a sua história, o grupo preparou uma série de comemorações que se iniciam em novembro deste ano e seguem até novembro de 2024, em homenagens, atividades para adultos e crianças, criação e apresentação de um novo espetáculo e muito mais.

Tudo começou na Porto Alegre de 1974, quando um grupo de jovens negros decidiu criar uma banda musical a fim de participar de um festival. O objetivo era enaltecer a cultura negra, a luta contra o racismo e a divulgação da história e da música negra através de seus espetáculos. E foi assim que o grupo prosperou e que ao longo de décadas desenvolveu atividades como a dança, a música, a moda, a gastronomia, a capoeira e vivências afro-brasileiras retratando a cultura afro-gaúcha para além das fronteiras do RS e até mesmo do Brasil, com apresentações internacionais.

Nas décadas seguintes à sua criação, o Afro-Sul assumiu a direção da Escola de Samba Garotos da Orgia, tradicional escola porto-alegrense, fundada em 1980, consolidando sua ligação profunda e respeitosa com o carnaval. Foi aí que surgiu todo o projeto social baseado na cultura negra que hoje é a linha mestra do grupo, com a missão de fortalecer e qualificar iniciativas de resgate da cidadania através da arte e da cultura afro-brasileira e suas origens. A escola Garotos da Orgia assumiu uma identidade mais ampla e passou a se chamar “Sociedade de Ação Social, Recreativa, Beneficente, Cultural e Bloco Afro Odomode”, onde hoje são oferecidas oficinas para todas as idades, dos mais diversos segmentos da arte, além de shows e eventos variados.

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Compartilham desse espaço o grupo artístico Cia de Música e Dança Afro-Sul; a Escola de Dança Afro-gaúcha; a Clínica de Percussão; o Ponto de Cultura Odomode, em parceria com o Ministério da Cultura; o Projeto Cultural nossa Identidade, que atende crianças de 04 a 13 anos; as Escolas Preparatórias de Dança, a Cia Jovem de Dança e Cia Municipal de Dança de POA, em convênios com a Prefeitura de Porto Alegre; o projeto Atividade Não Tem Idade, voltado ao público 50+; o Movimento Lanceirinhos Negros, que combate o apagamento histórico do negro no RS através e letramento racial infantil, entre outras iniciativas. A instituição atende atualmente crianças, adolescentes, jovens adultos, adultos e idosos e suas respectivas famílias, desenvolvendo um espaço de criação e valorização suas potencialidades. Sempre com a perspectiva afrorreferenciada e desenvolvida através do afeto.

É importante salientar que muitos talentos do carnaval e da cena artística de Porto Alegre foram descobertos no seio do grupo Afro-Sul, tendo seus bailarinos e músicos despontado dentro e fora do Brasil, de forma independente ou em diversas Escolas de Samba do país, exercendo postos como porta-estandarte, porta-bandeira, mestre-sala, passistas, coreógrafos, ritmistas, mestres de bateria, compositores. E o reconhecimento deste trabalho chega forte no ano de seu cinquentenário, com a homenagem da Escola de Samba Realeza que irá apresentar no Carnaval 2024 o enredo “Alma Negra – Um pedaço da África no Afro-Sul do Brasil“, que terá lançamento no Odomode dia 19 de novembro, abrindo as comemorações.

A cultura negra brasileira é fundamento para toda cultura nacional, senão pela sua expressão direta, como inspiração de manifestações culturais. Inspirada na religiosidade, modo de vida e história do povo negro no Brasil é reconhecida pela sua riqueza intelectual e beleza pelo Brasil e no mundo, em centros de referência cultural e espaços acadêmicos. Esse reconhecimento, contudo, acompanha um processo de apropriação cultural pela branquitude e um afastamento do negro como central naquela manifestação cultural, ou uma suposta irrelevância da identidade daquela cultura, cujo exemplo mais notável é o samba, como por exemplo, a partir das manobras de “reajuste” das manifestações culturais, e também da cor do povo brasileiro, no contexto do Estado Novo. Ou seja, o descolamento da centralidade do corpo negro desse lugar de prestígio também integra um processo de embranquecimento da cultura do Brasil, de deslegitimação intelectual do povo negro e apagamento da história de resistência às opressões vividas por essa comunidade.

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A quebra da memória, ou apagamento, é uma das tantas estratégias do racismo de retirada de um lugar de poder simbólico do povo negro. A herança cultural é, possivelmente, o mais relevante emblema de distinção da comunidade negra em relação aos demais grupos étnicos do Brasil, lugar de afirmação de identidade coletiva e luta pela existência do povo africano em diáspora e em genocídio. Nesse sentido, essa importante instituição é um espaço de resgate e de manutenção da vida da cultura negra dos ancestrais, afirmação de sua existência e ato de envolvimento política pela reinvindicação da beleza e sabedoria da cultura negra brasileira, mas também, da sua autenticidade.

Tendo a mestra Iara Deodoro e o mestre Paulinho Romeu como suas grandes referências, o Afro-Sul Odomode está de portas abertas, como um grande quilombo, para receber todos aqueles que encontram na cultura afro-brasileira um combustível para a alma.

Confira a programação/ lançamento do ano do cinquentenário:
19 de novembro
Lançamento do samba enredo “Alma Negra – Um pedaço da África no Afro-Sul do Brasil”
S.B.C. Realeza estará apresentando os figurinos das alas e o samba-enredo para o Carnaval de 2024, na sede do Instituto Socio-cultural Afro-Sul Odomode. O evento se inicia a partir das 12h com um bufê de massas assinado pela chef de cozinha Ângela Barcelos. Às 16h se inicia a Roda de Samba e, às 18h o samba-enredo será apresentado pela harmonia musical e pela bateria da escola.

*Adquira ingressos e mais informações pelo telefone: (51) 98163-9874

26 de novembro
Saída/Arrastão do Bloco Afro-Sul Odomode
A concentração dos integrantes e público será às 18h. O bloco parte da Praça das Nações, no Jardim Botânico, até a sede do Odomode, na Av. Ipiranga, onde uma série de atrações esperam o público, entre elas o lançamento do disco e livro do Mestre Paraquedas, um dos mais importantes compositores gaúchos de todos os tempos, apresentação do Grupo SOPAPARIA e do Maracatu Truvão.

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Em 2024

  • Fevereiro – apresentação da S.B.R. Realeza no Carnaval de Porto Alegre, com tema em homenagem ao Afro-Sul
  • Março – lançamento da série sobre os 50 anos com relatos de seus integrantes
  • Abril – feijoada
  • Maio – chá da mãe preta Negra África
  • Junho – Festa junina
  • Julho – jantar em homenagem a mulher negra
  • Agosto – aula aberta em alusão ao dia municipal da dança afro
  • Setembro – tradicional acampamento Lanceirinhos Negros
  • Outubro – festa para as crianças
  • Novembro – apresentação do Grupo Afro-Sul de Música e Dança

Grupo Afro-Sul de Música e Dança – 50 anos
Lançamento da programação a partir de 19 de novembro

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Bebê Baumgarten Comunicação

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