“Berimbauzeiro”, documentário sobre a arte de Mestre Churrasco, tem pré-estreia neste domingo (26/09)

Curta-metragem dirigido a seis mãos destaca o grande mestre de capoeira, que vem inovando na criação de berimbaus originais no RS

Um dos mais antigos mestres em atividade na capoeira angola do Rio Grande do Sul, líder e fundador da Associação de Capoeira Angola Zumbi do Palmares (ACAZUP) e grande referência no sul do Brasil, Mestre Churrasco tem sua arte retratada no documentário curta-metragem, “Berimbauzeiro”, que ganha pré-estreia neste domingo, dia 26 de setembro, com acesso disponível na internet somente por 48h (confira o “Serviço”).

Ampliando o diálogo com o público, na próxima terça-feira (28), às 19h30min, ocorre uma live com transmissão no Instagram do projeto (confira o “Serviço”). Participam da proposta, o protagonista do filme e os realizadores da obra, Magnólia Dobrovolski, Marco Poglia e Mário Eugênio Saretta. A mediação é da jornalista e produtora cultural Silvia Abreu.

Mestre Churrasco vivenciou a capoeira desde a infância nas ruas de Porto Alegre, observando a essência desta arte com marinheiros e no aprendizado com o Mestre Cau, com quem iniciou-se nesta prática. É, também, um grande artífice de instrumentos musicais artesanais, especialmente o berimbau. Ele se identifica como “Berimbauzeiro” para apresentar suas experimentações, estéticas e sonoras, com berimbaus diferenciados que cria com conhecimento da flora nativa gaúcha.

O curta recorre à filosofia de um experiente mestre de capoeira. É na relação com a natureza, no seu corpo, na sua musicalidade e nos papéis assumidos na vida que o documentário acontece. A produção evidencia o lúdico e o belo no trabalho guiado pelo berimbau, um poderoso instrumento. O projeto é viabilizado por meio do Edital Criação e Formação – Diversidade das Culturas, realizado pela Secretaria de Estado da Cultura em Parceria com a Fundação Marcopolo, com recursos oriundos da Lei nº 14.017/2020, a Lei Aldir Blanc.

O FILME:

Berimbauzeiro” tem foco na criatividade e originalidade de Mestre Churrasco, que associa saberes tradicionais, ecologia e arte na elaboração de berimbaus singulares e na prática da capoeira como filosofia de vida. Os diretores escolheram abrir mão de uma narrativa biográfica e linear em favor de abordar o espírito inventivo de um personagem em constante transformação, cuja incessante criatividade se expressa na sua relação com os berimbaus e na prática da capoeira centrada em seu fundamento, mas sempre aberta a novas maneiras de se relacionar com o mundo.

Segundo os realizadores, trata-se de uma obra de caráter mais afetivo, poético, que documental, caráter priorizado em outros trabalhos, a exemplo do projeto Angola Poa [https://www.angolapoa.com.br/mestre-churrasco], dos mesmos diretores.

O roteiro faz uso de fotografias do acervo de Mestre Churrasco e de vídeos produzidos pelo protagonista em seu celular, muitas vezes postados em redes sociais, nos quais mostra as suas criações e a prática da capoeira em matos nas cidades de Porto Alegre e Caxias, lugares que também fornecem as matérias para a confecção de berimbaus e caxixis.

As locações de filmagem foram escolhidas de acordo com a relação que o protagonista estabelece com espaços públicos da cidade de Porto Alegre, como o lago Guaíba, a Redenção e o Mercado Público Municipal, além de matos urbanos e sua residência em Caxias do Sul, onde construiu um espaço cultural voltado para a capoeira, o qual deve ser inaugurado após a pandemia.

Em 2014, quando participou do projeto “Angola Poa: expressões da Capoeira Angola em Porto Alegre”, o mestre manifestou interesse em produzir um filme. Desde então, tentou-se viabilizar um projeto de documentário envolvendo a sua vida e a sua arte. Ao longo deste período, se estabeleceu uma parceria voluntária entre o protagonista e os diretores, que auxiliaram o mestre na inscrição de editais que contemplaram com prêmios sua trajetória.

Em 2018, o trio de diretores decidiu começar a captação de alguns registros, mesmo sem financiamento. A pandemia de Covid-19 interrompeu o projeto na forma original, que foi adaptado e contemplado, em 2020, com um edital emergencial da Fundação Marcopolo, realizado por meio da Lei Aldir Blanc, para a realização do curta-metragem.

As restrições da pandemia imprimiram um recorte diferenciado ao filme, que em um momento de suspensão de rodas de capoeira permitiram mostrar a conexão do mestre com a natureza, a música e às pessoas à sua volta, sendo, também, um educador da capoeira para a nova geração de sua família.

A trilha sonora resulta de performances de Mestre Churrasco e conta, ainda, com a participação do músico nigeriano Idowu Akinruli, a partir de toques percussivos da cultura iorubá. O filme apresenta recursos de acessibilidade, como audiodescrição, LSE e legendas em inglês.

Sobre Mestre Churrasco:

Mestre Churrasco (Jean Batista Cleber Teixeira dos Santos) é de família descendente da antiga Colônia Africana de Porto Alegre (hoje bairro Mont’Serrat) e desde criança tem contato com expressões culturais de matriz africana. Conheceu a capoeira angola no início dos anos 70, ainda na adolescência, em Porto Alegre, e hoje é um dos mais antigos representantes desta arte em atividade no estado do RS, sendo grande referência para a capoeira gaúcha de forma geral. É líder e fundador da Associação de Capoeira Angola Zumbi do Palmares (ACAZUP) e, atualmente, mora na cidade de Caxias do Sul-RS. Já residiu em Salvador e no Rio de Janeiro em busca de pesquisar e conhecer com profundidade os fundamentos da capoeira.

Mestre Churrasco é, também, um grande artífice de instrumentos musicais artesanais, especialmente o berimbau, sendo um profundo conhecedor de madeiras e plantas nativas do estado do RS utilizadas para a fabricação dos seus instrumentos, além de um exímio tocador de berimbau. Por meio da capoeira, foi um dos primeiros a desenvolver trabalho com crianças em situação vulnerabilidade social em Porto Alegre, ainda nos anos 1980.

Já foi agraciado com diversas homenagens e distinções honoríficas, como Amigo de Porto Alegre (recebido do prefeito Tarso Genro, em 1996); Honra ao Mérito (recebido do Deputado Raul Carrion, em 2005 e 2009) e Mestre da Cultura Popular Caxiense (2010), dentre outros.

Mestre Churrasco também atua realizando oficinas e palestras sobre capoeira e culturas de matriz africana. Em 2018, participou como mestre convidado da disciplina Encontro de Saberes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).

Sobre os realizadores:

Magnólia Dobrovolski

Artista visual, treinela de Capoeira Angola e pesquisadora das estratégias populares para salvaguardar a capoeira. Mestranda no Programa de Pós Graduação Museologia e Patrimônio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e licenciada em Artes Visuais no Instituto de Artes da Ufrgs. É capoeirista integrante da Áfricanamente Escola de Capoeira Angola há 13 anos, tendo atuado como arte-educadora em diversos projetos sociais. Coproduziu a série documental Angola Poa: expressões da Capoeira Angola em Porto Alegre.

Marco Poglia

Doutor em Antropologia Social pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Ufrgs e capoeirista integrante da Áfricanamente Escola de Capoeira Angola. Membro do GeAfro – Grupo de Estudos Afro (Neab/Ufrgs) e coordenador geral do projeto de pesquisa e audiovisual Angola Poa: expressões da capoeira angola em Porto Alegre, realizado em parceria com a artista visual Magnólia Dobrovolski. Produziu e dirigiu, com Vinicius Correa, o documentário em curta-metragem A Vida Tocando (Melhor Filme Etnográfico do Cine Tornado Festival 2017).

Mário Eugênio Saretta

Antropólogo, mestre e doutor em antropologia social. Professor da Escola de Belas Artes e Música do Paraná (Embap/UNESPAR). Produziu e dirigiu o documentário longa-metragem Epidemia de Cores, que esteve nos cinemas de todo o País e foi licenciado para o Canal Brasil e para o SESCTV.

Redes Sociais do Projeto Berimbauzeiro:

Instagram: https://www.instagram.com/berimbauzeiro_filme/
Facebook: https://www.facebook.com/berimbauzeiro
E-mail: berimbauzeiro.filme@gmail.com

Rede social do Mestre Churrasco:

Facebook: https://facebook.com/jeanbatistacleber.teixeirasantos

SERVIÇO:

O Quê: Pré-estreia do documentário ”Berimbauzeiro”, com Mestre Churrasco. Direção de Magnólia Dobrovolski, Marco Poglia e Mário Eugênio Saretta
Onde: o link será disponibilizado somente por 48h pelo Instagram: @berimbauzeiro _ filme
Quando: Dia 26 de setembro de 2021, às 19h. Disponível até dia 28/09 às 19h30min.
Quanto: Gratuito

Projeto viabilizado por meio do Edital Criação e Formação – Diversidade das Culturas, realizado pela Secretaria de Estado da Cultura em Parceria com a Fundação Marcopolo, com recursos oriundos da Lei nº 14.017/2020, a Lei Aldir Blanc.

Assessoria de imprensa:
Silvia Mara Abreu

Foto:
Luis Ferreirah

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Sobre Alex Vitola

Há alguns anos atrás jamais imaginei trabalhar com fotografia ou jornalismo. São mais de 20 anos na área de TI, em diversos provedores de Hospedagens como Administrador de Sistemas, Analista de Suporte e Consultor Técnico. Por questões particulares resolvi "dar um tempo", tirar umas férias de tudo. Neste meio tempo, comecei a fotografar e fazer a cobertura de shows e eventos culturais, apenas como um Hobby, não queria viver disso, não queria uma nova profissão. Com o passar do tempo a coisa foi ficando séria até que e em novembro de 2020 com apoio da Secretaria da Cultura do RS e da Feevale, lancei o projeto “PALCO-RS, uma Exposição Virtual dos principais shows nos palcos de Porto Alegre”. Veio a pandemia, e sem eventos presenciais entrei pra Faculdade de Jornalismo e paralelo a isso continuei estudando edição de imagens, produção cultural, marketing digital, gestão de tráfego e obviamente nunca deixando os estudos da área de TI de lado. Em 2023 fui finalista do Prêmio Profissionais da Música 7ª Edição na categoria "Convergência" "Canais Digitais de Divulgação da Música". Atualmente trabalho com Gestão de Tráfego Pago além de fazer a co-produção do Podcast Entrevista de Atitude.