Créditos da Foto: Alexandre Krop
O V744atelier promove mais um encontro com a finalidade de aproximar o público da obra de arte e do artista
As motivações e os processos que permeiam a recente produção da artista plástica Patrícia Bohrer, presentes na individual Lugares que ainda não visitei, estarão no foco da conversa conduzida pelo curador e crítico de arte Eduardo Veras e pela artista Ana Flávia Baldisserotto no próximo dia 23 de janeiro, terça-feira, às 19h, no espaço localizado na Rua Visconde do Rio Branco, 744, em Porto Alegre.
A mostra reúne um conjunto de desenhos, aquarelas e pinturas em pequenos e grandes formatos e fica aberta à visitação até 09 de fevereiro de 2024, de quartas a sextas, das 14h às 17h. Outros dias e horários, mediante agendamento (mais detalhes no “Serviço”).
Em “Lugares que ainda não visitei” Patrícia Bohrer reúne uma produção que surge de observações colhidas de seu entorno imediato e vivências cotidianas: uma cena da janela do atelier, um objeto da casa, corpos que dançam, descansam, nadam, esperam, um vaso de plantas, cenas de um filme, ilustrações botânicas, a atmosfera de um sonho. Esses fragmentos de afetações, capturados com traços fluidos, rápidos e certeiros em anotações de pequenas dimensões, são também o ponto de partida para trabalhos maiores. É nas superfícies mais extensas que a artista coloca esses elementos díspares para conversar, construindo ficções onde coexistem sem hierarquia seres humanos, animais, plantas, lugares e objetos, em atmosferas que se oferecem como pequenos enigmas sobre a interdependência e a subjetividade de tempo e de espaço.
A exposição apresenta dois conjuntos de trabalhos, que não se diferenciam num contexto de maior ou menor importância. São desenhos de observação, como um diário gráfico, e aqueles que vêm desenvolvendo mais recentemente, que compõem a série “Lugares que ainda não visitei”, que dá nome à exposição. Como ela mesma diz: “Nessa série, é no processo que as conexões e sentidos vão surgindo, sem planejamento. Busco uma porosidade nos universos de pessoas, bichos e plantas que habitam o espaço do desenho e convivem em um tempo não linear de lembranças, pensamentos e a presença simples e básica do momento atual. Tudo cabe, lugares que não estão dentro, nem fora. Lugares que eu ainda não visitei”.
Todo processo parte e é mediado pelo desenho de observação. “A observação é uma maneira de perceber o mundo, mas também uma capacidade de sair um pouco de si para ver o outro, aprender através do outro, criar uma intimidade com o que é observado. É um exercício da atenção, uma escuta. Para isso eu preciso me libertar de estereótipos, daquilo que eu já sei sobre a forma. É um movimento contrário às nossas certezas. Para mim o desenho funciona quando ele me surpreende”, continua a artista.
Na sua produção recente, Patrícia percebe o pensamento filosófico de Emanuele Coccia como uma linha de força: “Ele faz uma analogia do conceito da metamorfose com a própria vida. Traz a consciência de que somos todos a mesma vida no Planeta e o nosso corpo e de todos os seres é um canal por onde ela circula. Carregamos os genes não só dos nossos pais e avós, mas de todos os outros seres que vieram antes de nós, de outras espécies e reinos”. E complementa: “Acho muito bonita essa imagem de que cada um de nós é uma legião, do presente e do passado, seres visíveis e invisíveis e a vida como aquilo que passa. Quando percebemos isso, observar a vida em uma planta ou em um bicho é ver o todo”.
É esse viver e expressar ecológico que a artista corporifica em sua atuação na ONG Instituto Curicaca, entidade que ajudou a fundar há 26 anos. Lá sua expressão toma corpo político vinculando as questões sociais à atividade artística e, atuando como ativista, conecta seu trabalho visual com sua experiência e ideologia em combate pelas causas ambientais.
Fragmentos do poema da artista Ana Flávia Baldisserotto traduz algo do sentimento que a obra de Patrícia Bohrer inspira: “No caderno os dias falam / desenho é corpo livre na praia do espaço / corpo que nada, corpo que dança / corpo de espera, corpo de Shiva (…) aqui o desenho é hábito / encontro frágil, captura / margens de um olho que sorri / sempre o mesmo enigma: / sermos todos esse mesmo corpo, / essa mesma vida inquieta, /matéria de todas as coisas.“
SOBRE A ARTISTA CONVIDADA:
Patrícia Bohrer é bacharel em Pintura e em Desenho pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1991 e 1992), é mestre em Educação Popular e Movimentos Sociais pela Universidade Federal de Santa Catarina (2002), pós-graduada em Museologia e Patrimônio Cultural pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2005) e em Arteterapia no Contexto Social e Institucional pelo Instituto da Família de Porto Alegre (2015). Expôs individualmente em Porto Alegre, Canela, Novo Hamburgo e Curitiba, já participou de exposições coletivas em Porto Alegre, São Paulo, Santa Maria, Curitiba, Buenos Aires e Londres. Recebeu o primeiro prêmio no 48º Salão Paranaense em Curitiba.
Em paralelo ao trabalho como artista visual, produziu exposições, curadorias, mediações e eventos na Pinacoteca Barão de Santo Ângelo do Instituto de Artes da UFRGS de 1995 a 2019. É também sócia-fundadora da ONG Instituto Curicaca na qual atua e pesquisa desde 1997 na área socioambiental com temas como patrimônio imaterial, desenvolvimento humano, educação, natureza e cultura, bem como na produção de designer gráfico, ilustrações e materiais pedagógicos exclusivos da instituição. Seu trabalho atual dialoga com questões do cotidiano, a subjetividade do tempo e espaço, interdependência e ecologia.
SOBRE O V744ATELIER
Idealizado e administrado pela artista visual Vilma Sonaglio, o V744atelier é um local para criar e expor arte contemporânea. Inaugurado em 18 de setembro de 2021, com a exposição “ViCeVeRSa…“, de Vilma Sonaglio, o V744 já sediou as mostras “Paisagem sem Volta”, de André Venzon e Igor Sperotto (19/12/21 a 25/02/22); “Be-a-bá”, de Maria Paula Recena e Marcos Sari (12/03/22 a 28/04/22); “C+asa”, de Marcelo Silveira (14/05 a 22/07/22); “Tripadeiras”, de Téti Waldraff (03/09/22 a 28/10/22); “Desvio/Provas”, de Helena Martins-Costa (05/11/22 a 09/02/23), “Sem peso e Cem medidas”, de José Spaniol (04/03/23 a 12/05/23), “Desenhos Miméticos“, de Richard John (17/06/23 a 11/08/23) e “Curso”, de Jailton Moreira (26/08/23 a 27/10/23).“Lugares que ainda não visitei”, de Patrícia Bohrer, é a 10ª mostra do espaço expositivo.
Em seu segundo ano de atividades ininterruptas, o V744atelier vem se consolidando como um local para criar e expor arte contemporânea. A cada exposição, um novo desafio é proposto ao público, que é convidado a pensar e a refletir, seja apreciando as obras, seja participando das tradicionais ”Conversa com o Artista”, encontros que cada vez mais ganham apreciadores desejosos de conhecer a obra do artista e seus processos criativos.
Acesse e curta os canais de comunicação do V744atelier:
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https://www.instagram.com/vilmasonaglio
SERVIÇO:
O que: Conversa com a artista Patrícia Bohrer, sobre a exposição “Lugares que ainda não visitei”, com mediação de Eduardo Veras e Ana Flávia Baldisserotto.
Quando: Dia 23 de janeiro de 2024, terça-feira, às 19h.
Exposição – Visitação até 09 de fevereiro de 2024, de quartas a sextas, das 14h às 17h. Outros dias e horários, agendamento pelo DM do @V744atelier. Haverá recesso de 16 de dezembro a 16 de janeiro.
Onde: Atelier V744 | Rua Visconde do Rio Branco, 744 | Porto Alegre – RS
Quanto: Entrada franca
Recomendação etária: Livre
Assessoria de Imprensa:
Silvia Abreu
