A mostra pode ser visitada com entrada franca a partir da próxima terça-feira, dia 5 de novembro, e faz parte das comemorações de 10 anos do centro cultural em Porto Alegre. Na data de abertura da exposição, às 19h, haverá uma conversa gratuita com participação de Antônio Mourão e Clara Gerchman, cofundadores do Instituto Tunga
Em celebração ao aniversário de 10 anos do seu centro cultural, o Instituto Ling recebe a partir de terça-feira, dia 5 de novembro, a exposição A Poética de Tunga – uma introdução, a primeira individual de Tunga (1952-2016) em Porto Alegre. A mostra, curada por Paulo Sergio Duarte, apresenta uma seleção de obras bidimensionais de diferentes fases, sendo a maioria inédita, que expõem temas e conceitos que atravessam toda a poética do artista.
“Tunga é como um tecelão, construindo um belíssimo e infindável tapete: sua obra, que nunca estará concluída, é constituída de diversas linhas que se entrelaçam e se emaranham“, comenta o curador. Sua obra é marcada pelas instalações, esculturas e performances, mas “toda uma produção paralela, sobre papel e, eventualmente sobre seda, constitui um formidável acervo bidimensional. Tunga desenhava compulsivamente, às vezes, mesmo quando estava conversando com os amigos“, completa.
Entre os trabalhos dos anos 1970, Tunga começou a realizar investigações sobre o corpo e sobre uma espécie de “erotismo mental”, materializado por meio de desenhos abstratos. Alguns desses desenhos foram apresentados em sua primeira exposição individual no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1974. A investigação em torno do corpo aparece, ainda, na série Vê-nus (1976-1978), cujo título traz um jogo de palavras contido na visualização do nu, entre os termos “ver” e “nus“, e faz alusão à Vênus, deusa do amor, da beleza, do sexo e da fertilidade.
A década seguinte é marcada pela pesquisa em torno da ideia da “tríade“, representada, na mostra, pela série de bidimensionais A Vanguarda Viperina (1985), concebida paralelamente à performance de mesmo título. Ao longo de sua carreira, Tunga desenvolveu um pensamento abstrato e reflexões estéticas e conceituais em torno da ideia da Santíssima Trindade. Sobre o tema, Tunga reflete: “São três elementos distintos que se confundem num momento. A ideia da trindade e da unidade, na religião cristã, vem a se constituir como um mistério: Como de três você faz um? O que é isso que é três e é um ao mesmo tempo? Olhar uma trança desse jeito é abstrair”.
Nos anos seguintes, Tunga começou a discorrer sobre o magnetismo por meio da produção dos TaCaPes constituídos pela união de centenas de ímãs. A pesquisa em torno do tema também está nos desenhos presentes na exposição que fazem referência à instalação Gravitação Magnética, exposta na 19ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1987.
A exposição apresentará, ainda, a pintura sobre papel Palindromo Incesto. Entre os anos 1990 e 2000, Tunga se aprofunda na investigação sobre o tema da palindromia, da via de dois lados e novamente sobre a ideia de eterno retorno. Esta pesquisa é consolidada por meio da série Palindromo Incesto (1988-1993), instalações de dimensões variadas constituídas por grandes dedais, longas cabeleiras, ímãs, limalha de ferro e termômetros de vidro, estabelecendo um circuito fechado e contínuo.
Tunga explica: “Esse título, que esclarece a estrutura da obra, está indicando essa via de dois lados do incesto. Quando anunciei esse título ele ficou um tanto misterioso para mim e ainda é latente o significado profundo dele. Ele emana significados, ele emana a questão da interioridade e exterioridade como um continuum, ele coloca a ideia desse continuum em um espaço contínuo, entre o dentro e o fora e entre o representado e o representante”. O Palíndromo Incesto gera formas e elementos similares no verso e no reverso. Trata-se da potência do significado que pode mudar a todo momento. “Como leitmotif a questão do contínuo terá múltiplo papel: deverá ser elemento integrador entre as partes díspares da obra estabelecendo uma unidade conceitual, pela variedade com que se repete, nos fios e nas chapas deverá conduzir o espectador no esforço de reconstrução de uma totalidade“, comenta o curador.
Já os desenhos e gravuras da série From ‘La Voie Humide’ (2010-2015) se desdobram em instalações a partir dos anos 2010, pontuando os estudos do artista ligados à alquimia, à simetria e ao espelhamento. Segundo Tunga, “os desenhos indicam partes do corpo e símbolos abstratos. Pode-se encarar os desenhos como uma espécie de partitura musical que orienta as esculturas. Elas podem parecer espontâneas, mas na verdade são cuidadosamente construídas”.
Sobre o cruzamento e a sobreposição de diferentes conceitos e pesquisas na obra de Tunga, o curador comenta: “A fantasia, cuja narrativa frequentemente irônica, acompanha o trabalho, não se ilude em explicá-lo, insiste na anterioridade da ideia e da imaginação que precede, no tempo e no espaço, qualquer atividade criativa e constrói, ao mesmo tempo, um mundo à parte, uma espécie de universo paralelo e fictício. Mas, apesar de toda a aparência de excesso, o universo retórico não se deixa rebaixar à mesquinha racionalidade lógica do cotidiano. Encontra-se, do início ao fim, entrelaçado pelos grandes temas conceituais que já se tornaram visíveis na escultura e também em muitos desenhos“.
Este pequeno panorama do vocabulário de Tunga será apresentado, ainda, acompanhado de três esculturas pertencentes ao acervo do Instituto Ling. A exposição fica em cartaz até 8 de março de 2025, podendo ser visitada com entrada franca de segunda a sábado, das 10h30 às 20h.
Para marcar a abertura, no dia 5 de novembro, terça-feira, às 19h, haverá uma conversa aberta ao público, com participação de Antônio Mourão, cofundador do Instituto Tunga e filho do artista, ao lado de Clara Gerchman, cofundadora e gestora do Acervo do Instituto Tunga. O bate-papo poderá ser acompanhado gratuitamente no Instituto Ling, mediante inscrição prévia no site www.institutoling.org.br.
A mostra tem realização do Instituto Ling e do Ministério da Cultura, com patrocínio da Crown Embalagens.
SERVIÇO:
Exposição A poética de Tunga – uma introdução
Artista: Tunga
Curadoria: Paulo Sergio Duarte
Período de visitação: de 5 de novembro de 2024 a 8 de março de 2025
De segunda a sábado (exceto feriados), das 10h30 às 20h
Instituto Ling (Rua João Caetano, 440 – Três Figueiras – Porto Alegre/RS)
Entrada franca
Além das visitas livres, é possível agendar uma visita guiada pela equipe educativa do centro cultural, sem custo, pelo site www.institutoling.org.br/visite
CONVERSA DE ABERTURA
Dia 5 de novembro, terça-feira, às 19h
Com participação de Antônio Mourão, cofundador do Instituto Tunga e filho do artista, ao lado de Clara Gerchman, cofundadora e gestora do Acervo do Instituto Tunga
Gratuito, mediante inscrição prévia pelo site institutoling.org.br
Informações úteis
institutoling.org.br
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Fone: 51 3533-5700
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Estacionamento: o Instituto Ling possui estacionamento pago com 40 vagas.
Bicicletários: há bicicletários gratuitos em dois pontos: um localizado dentro do estacionamento e outro na parte externa do prédio, com 32 vagas.
Acessibilidade: o prédio do Instituto Ling foi projetado para propiciar comodidade e autonomia aos portadores de deficiência, além de oferecer excelente conforto térmico e acústico. O Instituto Ling possui o Selo de Acessibilidade da Prefeitura de Porto Alegre, conforme o Decreto nº 15.752 de 5 de dezembro de 2007, que atesta o atendimento da instituição às pessoas com diferentes características antropométricas e sensoriais, de forma autônoma, segura e confortável. O centro cultural oferece também a possibilidade de contratação de um intérprete de Libras, além do acesso à audiodescrição do acervo de artes visuais, dos espaços do prédio e paisagismo. Todo material de audiodescrição se encontra disponível em tablets fornecidos pelo Instituto Ling.
Sobre o Instituto Ling
Criado e mantido pela família Ling desde 1995, o Instituto Ling tem como missão promover o desenvolvimento humano e a evolução da sociedade através da disseminação de diferentes formas do conhecimento, da liberdade de pensamento, da valorização da cultura e da saúde. Na área da educação, desde a fundação auxilia jovens líderes a desenvolverem seus potenciais intelectuais e empreendedores através da concessão de bolsas de estudo para as melhores instituições do mundo. Com a abertura de seu centro cultural em Porto Alegre, em 2014, ampliou e solidificou sua atuação, firmando-o como referência na disseminação do conhecimento e provedor de serviços e produtos culturais diferenciados, com elevado padrão de qualidade e estética.
Na área da saúde, o Instituto Ling estabeleceu parceria com o Hospital Moinhos de Vento, em 2015, para a implantação de um centro de referência no tratamento do câncer em Porto Alegre, e, em 2023, para a concessão de bolsas de estudo para cursos de enfermagem; e com a Santa Casa de Misericórdia, em 2019, contribuindo para a construção do novo prédio do complexo hospitalar em Porto Alegre. A família Ling, mantenedora do instituto, é proprietária da holding company Évora. Presente em 13 países, o grupo empresarial produz e comercializa latas de alumínio para bebidas, não-tecidos de polipropileno (usados principalmente na produção de descartáveis higiênicos) e embalagens plásticas.
Fonte: Redação