E evento faz parte do II Laboratório Aberto que o grupo promoverá nesse período, numa imersão de 14 dias com atuadores, alunos e convidados
Entre 17 e 30 de julho o público porto-alegrense poderá assistir e debater os espetáculos teatrais criados pela Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz , bem como ver em filmes as encenações dos últimos anos que já não estão mais no repertório do grupo. O Festival Ói Nóis Aqui Traveiz acontece durante o II Laboratório Aberto com a Tribo de Atuadores. O Laboratório é uma imersão de 14 dias no trabalho do grupo durante os três turnos, com o objetivo de difundir a prática e metodologia de criação e treinamento desenvolvida pelo coletivo ao longo de 45 anos de atuação e pesquisa. 25 atores e atrizes, pesquisadores e estudantes de teatro do Brasil e América Latina participarão integralmente do Laboratório.
Durante estas duas semanas serão encenados os espetáculos ‘Violeta Parra – Uma Atuadora’, ‘Desmontagem Evocando os Mortos Poéticas da Experiência’, ‘Quase Corpos – Episódio 1: A Última Gravação’, ‘O Amargo Santo da Purificação’; ‘M.E.D.E.I.A’, ‘Performance Manifesto de Uma Mulher de Teatro’ e ‘Onde? Ação n. 2’. Já o Cine Clube da Terreira da Tribo vai exibir os filmes ‘Kassandra In Process’, ‘Raízes do Teatro’, ‘A Missão – Lembrança de Uma Revolução’, ‘Viúvas – Performance Sobre a Ausência’, ‘Medeia Vozes’, ‘Desmontagem – Meierhold’ e ‘Lê, Dores de Gênero’. Ainda na programação, haverá um seminário aberto ao público sobre a proposta estética e política da Tribo com professores e pesquisadores convidados, e, para encerrar, no domingo, dia 30, o público assistirá, no Parque da Redenção, a apresentação de uma Ação Cênica criada durante a imersão no Laboratório.
O II Laboratório Aberto faz parte do Projeto ARTE PÚBLICA – Criação e Formação e é uma realização da FUNARTE e do Ministério da Cultura, através de emenda parlamentar da Deputada Federal Fernanda Melchionna. O Laboratório tem o apoio da Coordenação de Artes Cênicas da Secretaria Municipal da Cultura.
Programação:
17 de julho – Performance cênico musical ‘Violeta Parra – Uma Atuadora’ – 20h – na Sala Álvaro Moreyra do Centro Municipal de Cultura (Av. Erico Verissimo, 307)
18 de julho – ‘Quase Corpos – Episódio 1: A Última Gravação’ – 20h – na Sala Álvaro Moreyra do Centro Municipal de Cultura (Av. Erico Verissimo, 307)
19 de julho – Exibição dos filmes ‘Kassandra In Process’ e ‘Raízes do Teatro’ – 20h – na Terreira da Tribo (rua Santos Dumont, 1186)
20 de julho – ‘Desmontagem Evocando os Mortos Poéticas da Experiência’ – 20h – na Sala Álvaro Moreyra do Centro Municipal de Cultura (Av. Erico Verissimo, 307)
21 de julho – Exibição do filme ‘A Missão – Lembrança de Uma Revolução’ – 20h – na Terreira da Tribo (rua Santos Dumont, 1186)
22 de julho – Exibição do filme , ‘Viúvas – Performance Sobre a Ausência’ – 20h – na Terreira da Tribo (rua Santos Dumont, 1186)
24 de julho – Seminário ‘Conversando Sobre Teatro de Rua’ – 14h – na Terreira da Tribo (rua Santos Dumont, 1186)
24 de julho – Exibição do filme ‘Desmontagem – Meierhold’ – 20h – na Terreira da Tribo (rua Santos Dumont, 1186
25 de julho – Seminário ‘Conversando Sobre Teatro Ritual’ – 14h – na Terreira da Tribo (rua Santos Dumont, 1186)
25 de julho – Espetáculo Teatral ‘M.E.D.E.I.A’ – 20h – na Sala Álvaro Moreyra do Centro Municipal de Cultura (Av. Erico Verissimo, 307)
26 de julho – Performance de Rua ‘Onde? Ação n. 2’ – 15h – na Esquina Democrática (Rua dos Andradas com Av. Borges de Medeiros)
26 de julho – Exibição do filme , ‘Medeia Vozes’ – 20h – na Terreira da Tribo (rua Santos Dumont, 1186)
27 de julho – Seminário ‘Conversando Sobre Ói Nóis Aqui Traveiz’ – 14h – na Terreira da Tribo (rua Santos Dumont, 1186)
27 de julho – ‘Performance Manifesto de Uma Mulher de Teatro’ – 20h – na Sala Álvaro Moreyra do Centro Municipal de Cultura (Av. Erico Verissimo, 307)
28 de julho – Seminário ‘Conversando Sobre Ói Nóis Aqui Traveiz’ – 14h – na Terreira da Tribo (rua Santos Dumont, 1186
28 de julho – Exibição do filme ‘Lê, Dores de Gênero’ – 20h – na Terreira da Tribo (rua Santos Dumont, 1186
29 de julho – Apresentação de Ação Cênica criada no Laboratório – 15h – no Parque da Redenção (próximo ao Monumento do Expedicionário)
30 de julho – ‘O Amargo Santo da Purificação’ – 15h – no Parque Mascarenhas de Moraes (Bairro Humaitá)
Festival Ói Nóis Aqui Traveiz
De 17 a 30 de julho em diversos espaços da cidade
Programação aberta ao público / entrada franca
distribuição de senhas às 19h30 (para os espetáculos da Álvaro Moreyra e Terreira da Tribo)
Sinopses dos espetáculos:
Violeta Parra – Uma Atuadora
A performance cênico musical “Violeta Parra – Uma Atuadora” se solidariza com o povo chileno neste momento de luta por melhores condições de vida e apresenta um repertório que mistura o andino com ritmos brasileiros na voz da atuadora Tânia Farias e do violonista e compositor Mário Falcão. Com esse viés mestiço a performance veste as canções deste ícone da arte da América do Sul. Conhecida no Brasil principalmente pelas composições “Gracias a la Vida” e “Volver a los 17”, seu legado é inestimável para a música engajada latino-americana. Primeira experiência da Tribo onde a música está em primeiro plano.
Desmontagem Evocando os Mortos – Poéticas da Experiência
Conceito novo no cenário cultural, uma desmontagem se constitui como uma linguagem híbrida entre o espetáculo teatral e a reflexão teórica sobre a obra. Em ‘Evocando os Mortos – Poéticas da Experiência’, com concepção e atuação de Tânia Farias, a atriz refaz o caminho da criação de personagens emblemáticos da dramaturgia contemporânea. Constitui um olhar sobre as discussões de gênero, abordando a violência contra a mulher em suas variantes. No desvelamento dos processos de criação de diferentes personagens, criadas entre 1999 e 2011, a atriz nos mostra quanto as suas vivências pessoais e do coletivo Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz atravessam os mecanismos de criação. “Evocando os Mortos – Poéticas da Experiência” circulou por diversas cidades do país e foi apresentada em Cuba, na Argentina e Portugal.
‘Quase Corpos: Episódio 1 – A Última Gravação’ é um estudo do teatro de Samuel Beckett que revela a fragmentação do corpo físico, psíquico e das relações sociais. Temas como solidão, sofrimento, fracasso, angústia, absurdo da condição humana e morte são abordados a partir da pesquisa de linguagem e do trabalho autoral que os atuadores desenvolvem. A encenação, versão livre da peça Krapp’s Last Tape, mostra o confronto de um homem de 69 anos com o seu passado. O velho homem escuta num antigo gravador a fita-registro de 30 anos atrás. Escuta sua própria voz narrar extintas aspirações, lembranças de amores perdidos, a morte da mãe, a esperança não confirmada de êxito comercial literário. Memórias de fracassos, declínio e dissipação.
‘O Amargo Santo da Purificação – Uma visão alegórica e barroca da vida paixão e morte do revolucionário brasileiro Carlos Marighella’
Encenação coletiva para Teatro de Rua conta a história de um herói popular que a classe dominante tentou banir da cena nacional durante décadas. Marighella foi protagonista na luta contra as ditaduras do Estado Novo e do Regime Militar. A dramaturgia elaborada pela Tribo parte dos poemas escritos pelo baiano que, transformados em canções, são o fio condutor da narrativa. A encenação utiliza a plasticidade das máscaras, de elementos da cultura afro-brasileira e figurinos com fortes signos, criando uma fusão do ritual com o teatro dança. O Ói Nóis Aqui Traveiz traz para as ruas da cidade uma abordagem épica das aspirações de liberdade e justiça do povo brasileiro.
M.E.D.E.I.A
O solo da atuadora Tânia Farias parte da montagem Medeia Vozes, inspirada na obra homônima de Christa Wolf, que integra o repertório da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz. No texto está a versão antiga e pouco conhecida do mito, trazendo uma mulher que não cometeu nenhum dos crimes de que é acusada na versão de Eurípedes. Por mais de dois mil anos, Medeia, uma das mais poderosas mulheres da mitologia grega, é acusada de várias atrocidades, tais como o fratricídio, o infanticídio e o envenenamento de Glauce, e é esta imagem que foi imposta à consciência ocidental que a Tribo vem negar nesse espetáculo solo de Tânia Farias. Medeia é uma mulher que enxerga seu tempo e sua sociedade como são. As forças que estão no poder manifestam-se contra ela, chegando mesmo à perseguição e banimento, ela é um bode expiatório numa sociedade de vítimas.
Onde? Ação N°2
A performance provoca de forma poética reflexões sobre o nosso passado recente e as feridas ainda abertas pela ditadura militar. A ação se soma ao movimento de milhares de brasileiros que exigem que o Governo Federal proceda a investigação sobre o paradeiro das vítimas desaparecidas durante o regime militar, identifique e entregue os restos mortais aos seus familiares e aplique efetivamente as punições aos responsáveis.
Manifesto de Uma Mulher de Teatro
A performance parte da personagem Ofélia, de um dos textos mais contundentes da dramaturgia contemporânea, Hamlet Machine de Heiner Müller – marcante na trajetória da atriz Tânia Farias, e traz ao centro da arena a vociferação contra a engrenagem de violências às quais mulheres são continuamente submetidas. Vozes como as de Violeta Parra, Gioconda Belli e da própria atriz, que ousa contar detalhadamente sua história pessoal de violência sofrida e intercruzar com outra real, a de Magó, bailarina barbaramente violentada e assassinada em 2020, ao qual a atriz presta homenagem.
Cineclube/ Filmes
Kassandra In Process
A partir das filmagens do espetáculo Aos que virão depois de nós – Kassandra In Process, a Tribo e a Catarse – Coletivo de Comunicação elaboraram este registro, o primeiro audiovisual do Selo Ói Nóis na Memória. O espetáculo é resultado da pesquisa em Teatro de Vivência realizada pela Tribo e recebeu, entre outros, o Prêmio Açorianos 2002 de Melhor Espetáculo e o Prêmio Shell 2007 na Categoria Especial pela Pesquisa e Criação Coletiva. Duração: 67 minutos
Raízes do Teatro
O título do documentário, com direção e roteiro de Pedro Isaias Lucas, é o nome do projeto criado pelo Ói Nóis Aqui Traveiz para sistematizar o estudo das origens ritualísticas do teatro. O filme aborda os mitos que resultaram em quatro espetáculos do grupo: ‘Antígona – Ritos de Paixão e Morte’ (Prêmio Açorianos 1990), ‘Missa para Atores e Público sobre a Paixão e o Nascimento do Dr. Fausto de Acordo com o Espírito de Nosso Tempo’ (Prêmio Açorianos 1994), ‘Aos Que Virão Depois de Nós – Kassandra in Process’ (Prêmio Açorianos 2003, Prêmio Shell SP 2007) e ‘Medeia Vozes’ (Prêmio Açorianos 2013). Duração: 26 minutos
A Missão – Lembrança de uma Revolução
Registro audiovisual de encenação realizada em 2006/2007. A montagem, versão livre da obra de Heiner Müller, evoca a revolta dos escravos na Jamaica nos anos seguintes à Revolução Francesa e reflete sobre o Terceiro Mundo: objeto de exploração e, simultaneamente, fermento do novo. A poética cênica de A Missão insere-se na “dialética poética do fragmento” e dirige-se primordialmente aos sentidos, mas a intenção é também “fazer pensar”. Duração: 120 minutos
Viúvas – Performance Sobre a Ausência
O filme de Pedro Isaias Lucas registra o espetáculo apresentado em 2011 na Ilha do Presídio (Ilha das Pedras Brancas). Na encenação, mulheres lutam pelo direito de saber onde estão os homens que desapareceram e foram mortos pela ditadura civil militar que se instaurou em seu país. A utilização desse espaço não-convencional para a encenação pretendeu estabelecer uma relação entre os sentidos do trabalho sobre o imaginário e a história recente da América Latina; e as referências simbólicas, o registro emocional, os elementos de memória e o caráter institucional da Ilha do Presídio. Duração: 72 minutos
Desmontagem – Meierhold
O audiovisual é uma homenagem ao ator, diretor e teórico russo Vsevolod Meierhold. Criado durante a pandemia a obra parte da encenação da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz ‘Meierhold’, versão livre da peça do argentino Eduardo Pavlovsky “Variaciones Meyerhold”. Encenado pelo ator Paulo Flores, que interpreta o personagem principal em um relato póstumo, intercalando lembranças fragmentadas sobre marcos de sua trajetória. A criação cênica da Tribo explora diferentes linguagens e recursos, como fragmentos de poesias surrealistas e cenografia construtivista. Duração: 40 minutos
Medeia Vozes
Registro inédito com fotografia e edição de Pedro Isaias Lucas. Em Medeia Vozes, a Tribo de Atuadores aborda uma versão antiga e desconhecida do mito, trazendo uma mulher que não cometeu nenhum dos crimes de que Eurípides a acusa. A Medeia pacifista do Ói Nóis Aqui Traveiz demonstra a inutilidade de todo processo bélico numa encenação onde somam-se vozes de mulheres contemporâneas como as revolucionárias alemãs Rosa Luxemburgo e Ulrike Meinhof, a somali Waris Diriiye, a indiana Phoolan Devi e a boliviana Domitila Chungara, que enfrentaram de diferentes maneiras a sociedade patriarcal em várias partes do mundo. Duração: 180 minutos
Lê, Dores de Gênero
Audiovisual realizado a partir do convite do Sesc São Caetano/SP de ‘Subverter’ uma obra teatral que teve relevância na nossa trajetória. Escolher Ledores do Breu, da Cia do Tijolo, é antes de tudo o reconhecimento da importância dessa obra e sua relevância, mas também de, ao subverter o gênero do narrador e personagem, evidenciar uma camada substancial do espetáculo que fica nas sombras na sua versão original, o feminicídio. Aqui é a mulher quem conta. A história parte de sua visão de violências e dores cotidianas. A proposta é construída poeticamente utilizando os recursos de dança/teatro. Duração: 18 minutos
Assessoria de Imprensa:
Bebê Baumgarten Comunicação
Crédito das Fotos:
Eugênio Barbosa, Mariana Rotilli, Laura Testa e Vivian Gradela