A montagem Chamas estreia dia 5 de agosto no Meme Estação Cultural, seguida de turnê por diversas localidades do RS

Integrando artes cênicas, visuais, música, reflexão, rodas de conversa e circulação do espetáculo, o projeto aprovado pelo FAC RS partiu de amplo trabalho com oficinas em comunidades

As vozes femininas se fazem presentes na forma de gesto. O espetáculo Chamas, performance de dança-teatro, tem seus alicerces em histórias de mulheres. Mulheres invisíveis, excluídas, trabalhadoras, mães, prisioneiras. Mulheres da grande comunidade chamada Brasil, que trazem na pele as marcas da desigualdade social.

A ideia original de um trabalho solo da atriz e bailarina Chana Manica seguiu diferentes caminhos ao trilhar esse projeto. A partir de oficinas em diversas comunidades, os anseios, escolhas e destinos dessas mulheres foram deixando marcas e  lapidando a performance que chega aos palcos dia 5 de agosto, às 20h, No Meme Estação Cultural, onde permanece em temporada dias 6, 11, 12 e 13 de agosto, 20h.

No dia 11 a sessão será com tradução em LIBRAS e escola de surdos. Em seguida tem início a circulação, que passará por Novo Hamburgo, Lajeado, Esteio, Cachoeirinha e Canoas. O projeto Chamas tem financiamento do Edital Sedac nº 16/2021 FAC das Artes de Espetáculo.

Chamas partiu de ampla pesquisa de linguagem cênica focada na expressão da condição da mulher na sociedade nos dias de hoje, seguida de oficinas, que foram chamadas de Sementes. O fio condutor deste trabalho são as histórias reais dessas mulheres, que tiveram suas vidas atravessadas pela pobreza, pela invisibilidade, pela falta de políticas públicas. A escuta, importante em todo o processo, trouxe para a cena uma personagem multifacetada que traz em seu corpo todas as histórias ouvidas e compartilha com o público as dores e também as transformações e as esperanças de uma imensa parcela da população. “O espetáculo é um grande desafio para mim, é permitir, sentir e expressar da forma mais genuína, sincera e simples as essências que escutei e vivi nos encontros com as variadas mulheres das oficinas Sementes. Chamas são muitas. Chamas é um ser feminino. Chama que eu vou”, afirma Chana Manica.

Em sua essência, Chamas é mais do que um projeto de artes integradas. É um mergulho no feminino, uma abertura de consciência. “Despojar-se de saberes para uma entrega plena, de pura vivência – experiência sem sujeito, uma diluição da densidade. Algo que se mova para  além dos limites usuais, conscientes de si mesmo sem os limites do tempo/espaço. Permitir-se a entrega para que o profundo venha à tona e organismo se torne puro existir”. Assim experencia Nury Salazar, que ao lado de Luana Thomé Bezzi conduziu as oficinas “Sementes“, que resultam na performance Chamas.

Chana Manica, artista, bailarina, atriz e mãe, mas acima de tudo mulher, se cercou de um time de profissionais da música e das artes cênicas para dar conta desse abrangente e sensível projeto, composto por uma série de ações de artes integradas. A direção é do experiente coreógrafo e bailarino Paulo Guimarães. “Nas diferentes etapas de Chamas, sempre que convidamos, as mulheres se doaram inteiras, com suas vozes, seus arquétipos, em toda sua plenitude. Queremos abrir espaço para essas vozes e mostrar as transformações possíveis, assim como compartilhar esse rico processo, em movimento constante, assim como as almas femininas em busca de seu espaço na sociedade”, reflete Paulo.

Além das apresentações, o projeto prevê um minidocumentário sobre o processo criativo, exposição de esculturas criadas por participantes das oficinas, videoarte e workshops.

FICHA TÉCNICA
Coordenadora geral, proponente e intérprete-criadora: Chana Manica
Diretor artístico, coreógrafo e oficineiro: Paulo Guimarães
Performers: Fernanda Stein e Nury Salazar
Trilha sonora ao vivo: Tales Melati
Pílulas artísticas: Ana Campos, Carine Angela de Abreu, Fê Carvalho Leite e Mariza Rima
Design de luz: Nara Maia
Cenografia: Rodrigo Shalako
Figurinos e acessórios: Antonio Rabàdan
Adaptação de textos e pesquisa: Fernanda Stein e Carmen Nunes
Oficinas artísticas: Luana Bezzi e Nury Salazar
Preparação vocal: Marisa Rotenberg
Produção: Adriane Azevedo e Vitória Rodrigues
Planejamento cultural: Ikaros Projetos Culturais e Economia Criativa
Registro foto e videográfico, captação e criação audiovisual: Estúdio Anambé
Gestora administrativo/financeiro: Giuliana Neuman
Design gráfico: Tiago Rinaldi
Assessoria de Imprensa: Bebê Baumgarten Comunicação
Social media: Anandices

* Depoimentos de mulheres que estiveram nas Oficinas Sementes:

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“Tem dias que são da preguiça, de comer cheetos, tomar refri e maratonar série sem culpa. Fui educada para dar conta de tudo e vivo esgotada. Valeu a pena colocar tanta energia? Eu também sinto isso, me disse uma amiga. E outra e mais outra. A dor tá nos meus ombros. Esse peso todo. Esse dar conta. Não quero dar mais conta, não. Eu não aprendi a ser leve, quero encontrar os ritmos da natureza, do meu sangue, das batidas do coração, dos povos da terra, da mãe-solo. Eu só quero ser eu.”

“Sozinha a gente não consegue sair do problema. Fica engessada. Mulher quando sai de casa para mexer na vida de outras pessoas, ela é uma líder. Precisamos empoderar. “

“Preciso encontrar flexibilidades. Porque a vida é jogo não é luta. Mesmo assim, me sinto um pouco tolhida nas minhas relações. Por isso gosto de estar cercada das minhas amigas. Ser mulher é chacoalhar a humanidade, lembrar o mundo da conexão com a natureza, é acolher, ser íntimo e disponível.”

“Eu sou uma mulher preta, gorda, bissexual, branca de cabelos ruivos, sou uma mulher jovem, velha, sem útero, com filhos crescidos, com marido jovem, sou uma mulher de olhos azuis, cabelos brancos, pés repletos de calos, sou uma mulher curiosa, cansada, uma mulher nua, uma mulher que guarda as estrelas enquanto lava a louça, que dá mamá para o nenê enquanto termina de escrever uma tese, sou uma mulher que não nasceu mulher, sou aquela que veio de um útero de uma outra mulher. Fui semente. Sou árvore.”

CHAMAS – performance de dança-teatro
Dia 5 de agosto, 20h – estreia no Meme Estação Cultural
Apresentações dias 6, 11, 12 e 13 de agosto, 20h, no Meme
* dia 11 com tradução em LIBRAS e escola de surdos
Meme Estação Cultural – Rua Lopo Gonçalves, 176. Cidade Baixa
Circulação:
Dia 19 de agosto, 20h, em Novo Hamburgo –  Teatro Paschoal Carlos Magno
Dia 2 de setembro, 20h, em Lajeado – Teatro do SESC
Dia 8 de setembro, 20h, em Esteio – Teatro Casa de Cultura de Esteio
Dia 16 (ou 17 ou 19) de setembro, 20h em Cachoeirinha
Dia 23 de setembro, 20h, em Canoas – Teatro do Sesc
Chamas tem financiamento do Edital Sedac nº 16/2021 FAC das Artes de Espetáculo

Assessoria de Imprensa:
Bebê Baumgarten Comunicação

Crédito das Fotos:
Fabio Zambom

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