Com uma linha do tempo que abrange quase cinco décadas e dezenas de espetáculos, o grupo é dos mais importantes e longevos do Brasil
A arte pública exatamente como deveria ser, acessível a todos, independente de classe, etnia, raça, gênero e demais marcadores sociais. Esta é a proposta do Ói Nóis Aqui Traveiz desde sua criação, ainda nos anos 1970, e neste 2022 chega forte e revigorada.
O projeto Arte Pública, que ocupará a Terreira da Tribo e outros espaços culturais ao longo de 2022,se divide em quatro eixos – Território, Memória, Criação e Formação – e trará atividades diversas, gratuitas, híbridas (presenciais e virtuais) e acessíveis, utilizando LIBRAS e site com recursos para baixa visão e daltonismo. As atividades se iniciaram com as apresentações de Violeta Parra – uma atuadora, que terá novas apresentações dias 4 e 8 de outubro; teve apresentações da Desmontagem Evocando os Mortos – Poéticas da Experiência, e Quase Corpos: Episódio 1 – A Última Gravação, que esteve em cartaz nesta semana e terá novas apresentações dias 26 e 27 de setembro; e, por fim, a performance Manifesto de Uma Mulher de Teatro, dias 3 e 10 de outubro. Confira no serviço abaixo datas e horários.
O eixo “Território“, é composto por trocas de saberes e residências artísticas da Terreira da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz e criará uma rede em parceria com outros territórios culturais do RS, incluindo a capital, Maquiné e Triunfo. “Memória” realizará ações para a musealização do acervo do grupo teatral, que completou 44 anos de trajetória e foi condecorado com a Ordem do Mérito Cultural no ano de 2015, assim como a pesquisa, sistematização e publicação sobre a memória de grupos teatrais com longa trajetória de trabalho continuado no Brasil. A ideia é chegar em crianças, jovens e adultos, desde pessoas que nunca tiveram contato com o teatro até profissionais ligados a coletivos longevos de teatro. Já os eixos “Criação” e “Formação” propõem a pesquisa e criação de um novo espetáculo do grupo e seu compartilhamento por meio de laboratórios de criação e temporada de apresentações e, ainda, ações de iniciação, formação, capacitação e qualificação teatral, com oficinas na Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz e em bairros populares da região metropolitana de Porto Alegre.
Mostra de repertório da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz / Programação
Dias 26 e 27 de setembro, 20h – Quase Corpos: Episódio 1 – A Última Gravação
Dias 3 e 10 de outubro, 20h – Performance Manifesto de Uma Mulher de Teatro
Dias 4 e 11 de outubro, 20h – Violeta Parra Uma Atuadora
SINOPSES:
“Quase Corpos: Episódio 1 – A Última Gravação” foi criada em meio à pandemia, como audiovisual para ser transmitido em plataforma virtual e em 2022 ganha a forma presencial. Quase Corpos é um estudo do teatro de Samuel Beckett que revela a fragmentação do corpo físico, psíquico e das relações sociais. Temas como solidão, sofrimento, fracasso, angústia, absurdo da condição humana e morte são abordados a partir da pesquisa de linguagem e do trabalho autoral que os atuadores desenvolvem. A encenação, versão livre da peça Krapp’s Last Tape, mostra o confronto de um homem de 69 anos com o seu passado. O velho homem escuta num antigo gravador a fita-registro de 30 anos atrás. Escuta sua própria voz narrar extintas aspirações, lembranças de amores perdidos, a morte da mãe, a esperança não confirmada de êxito comercial literário. Memórias de fracassos, declínio e dissipação. Quase corpos é uma encenação coletiva, com atuação de Paulo Flores, figurino e adereços de Tânia Farias, cenografia de Eugênio Barboza e Tânia Farias, iluminação de Clélio Cardoso e Lucas Gheller, sonoplastia e operação de luz e som de Roberto Corbo.
“Manifesto de Uma Mulher de Teatro” parte da personagem Ofélia, de um dos textos mais contundentes da dramaturgia contemporânea, Hamlet Machine de Heiner Müller – marcante na trajetória da atriz Tânia Farias -, a performance traz ao centro da arena a vociferação contra a engrenagem de violências às quais mulheres são continuamente submetidas. Jogar luz sobre mulheres, evocá-las, contar suas histórias é a motivação central dessa ação ainda em construção. As mulheres que cruzam o caminho da atriz compõem o texto manifesto que abraça a performance de Tânia Farias. Vozes como a de Violeta Parra, Gioconda Belli e da própria atriz, que ousa contar detalhadamente sua história pessoal de violência sofrida e intercruzar com outra real, a de Magó, bailarina barbaramente violentada e assassinada em 2020, ao qual a atriz presta homenagem. Um ato político contra a violência de gênero, uma nova etapa de construção da reflexão dessa mulher de teatro num momento tão trágico, de autorização de todo tipo de barbárie contra mulheres, negros, lgbtqia+ e tudo o que o conservadorismo dessa elite atrasada considera uma ameaça ao seu projeto de morte, de não corpo e de não felicidade.
A performance cênico musical “Violeta Parra – Uma Atuadora” se solidariza com o povo chileno neste momento de luta por melhores condições de vida e apresenta um repertório que mistura o andino com ritmos brasileiros na voz da atuadora Tânia Farias e do violonista e compositor Mário Falcão. Com esse viés mestiço a performance veste as canções deste ícone da arte da América do Sul. Violeta Parra cantora e violonista desde criança, pesquisou ritmos, danças e canções populares, transformando-se em ponta de lança do movimento da “nueva canción” que projetou a música chilena no mundo. Conhecida no Brasil principalmente pelas composições “Gracias a la Vida” e “Volver a los 17”, seu legado é inestimável para a música engajada latino-americana. Sua história foi contada em 2011 no filme “Violeta foi para o Céu”, do diretor Andrés Wood.
Arte pública – Território / Memória / Criação / Formação
Um projeto do grupo Ói Nóis Aqui Traveiz
Terreira da Tribo – Rua Santos Dumont, 1186
Entrada franca
Arte Pública tem apoio da FUNARTE com recursos da emenda da Deputada Federal Fernanda Melchiona
Assessoria de Imprensa:
Bebê Baumgarten Comunicação
Fotos:
Vivian Gradela e Elizabeth Thiel