A Brasa Editora chega ao mercado nacional de quadrinhos apresentando grandes autores e desenhistas brasileiros

Em Barrela, Brega Story e Lovistori, três obras no catálogo da Brasa, há histórias com personagens brasileiros, diversidade, discussões de gênero e adaptações da obra de Plínio Marcos

A exemplo de seu editor e idealizador, o Lobo, que percorre uma longa caminhada no segmento de quadrinhos e romances gráficos, a Brasa Editora dá seus primeiros passos na mesma direção, com passadas firmes e lançamentos representativos, apresentando grandes autores e desenhistas brasileiros.

Seu primeiro romance gráfico já chegou causando. Brega Story, de Gidalti Jr., acaba de ganhar o troféu CCXP Awards de Melhor Álbum. E não é a primeira vez que a dupla Lobo e Gidalti Jr. é premiada: em 2017 ganharam o Jabuti com o álbum Castanha do Pará, mas dessa vez com um lançamento independente. “É impressionante a gente ganhar um Jabuti com o primeiro quadrinho de Gidalti, na primeira edição do prêmio contemplando os quadrinhos.  E depois ganhar a primeira edição do CCXP Awards com o segundo livro. Ao mesmo tempo em que é maravilhoso, aumenta a expectativa dos nossos leitores e nossa responsabilidade” afirma Lobo. “Gidalti Jr. é uma força criativa da natureza. Todas essas premiações são fruto da sua entrega ao trabalho, extrema paixão pelo ofício de quadrinista, e sensibilidade narrativa“, complementa.

Com menos de um ano de vida, a Brasa Editora se lançou no mercado no dia 7 de setembro de 2021, como um contragolpe simbólico à fracassada tentativa de golpe de estado no mesmo dia. “A Brasa é uma editora de quadrinhos brasileiros de ficção e não ficção, com temáticas de fundo histórico, político e social que discutem o nosso dia a dia, nossas histórias e necessidades. A editora planeja recuperar o verde e o amarelo sequestrados da bandeira brasileira, bem como somar o vermelho, significado do nome do nosso país, inspirado na cor do Pau-Brasil.  Tudo isto preto no branco ou, quem sabe, no espectro de cores do arco-íris. São quadrinistas brasileiros, contando histórias sobre personagens brasileiros para leitores brasileiros. Do Oiapoque ao Chuí. Da periferia pro centro. Do mar pro sertão. E vice-versa” afirma Lobo.

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Três publicações editadas pela Brasa despontam no mercado nacional deste segmento. Além do já destacado romance gráfico Brega Story, de Gidalti Jr., estão Lovistori, de Alcimar Frazão e Lobo, drama que levanta discussões sobre transfobia, gênero, violência, prostituição e identidade, numa história de amor improvável e repleta de tabus e, mais recentemente, chegou ao catálogo da editora Barrela, adaptação do texto homônimo de Plínio Marcos para os quadrinhos por João Pinheiro, lançada neste mês de julho de 2022 em São Paulo.

SOBRE AS OBRAS
Barrela, primeiro texto escrito por Plínio Marcos, será o primeiro romance gráfico da série Plinião em quadrinhos. O preto e branco duro e expressivo, o olhar social e a linguagem periférica beat de João Pinheiro deram vida aos encarcerados Portuga, Bereco, Bahia, Tirica, Fumaça, Louco e Garoto. Filho do dramaturgo, Kiko Barros, diz que sempre se atraiu pela ideia de publicar o teatro de Plínio Marcos em quadrinhos. “Entendo que minha função enquanto representante legal e filho do Plínio não é apenas disponibilizar mais a obra e sim vê-la crescer, e, ao dar espaço para o quadrinista João Pinheiro se expressar de acordo com os seus sentimentos e percepções, alcançamos um resultado magnífico. É gratificante ver o trabalho do João, que atinge uma profundidade incrível. É uma adaptação belíssima.

A adaptação para os quadrinhos não é uma simples transmissão de uma linguagem para outra. Ela não se dá automaticamente, porque os meios do teatro e da literatura são específicos, diferentes dos quadrinhos. O maior desafio foi criar uma obra nova a partir da obra do Plínio, mas claro, respeitando todo o texto, pois decidimos usá-lo na íntegra, sem edição. Cortar um trecho de Barrela seria como cortar um membro de um ser vivo, porque é um texto perfeito”, afirma João Pinheiro. “Plínio Marcos foi um dos autores teatrais mais censurados do país. Dá pra entender o porquê. Pois Barrela é desse tipo de livro que transforma as pessoas, você termina o livro uma pessoa diferente da que começou. Publicar essa adaptação em quadrinhos é a realização de um sonho antigo. Viva o Plinião!” – diz Lobo, editor da Brasa.

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Lovistori traz o drama entre Sereia, uma travesti que ganha a vida na praia de Copacabana, e Paixão, um policial militar. Uma história com protagonismo trans direcionada para pessoas cis, tão dura quanto real, que fala sobre as impossibilidades desse tipo de afeto para essa parcela da população, impostas por uma sociedade preconceituosa e transfóbica. Ambientado no Rio de Janeiro, uma idílica metrópole tropical à beira mar, o romance gráfico noir desnuda uma “cidade cartão-postal” que engole e tritura a vida de seus habitantes, mascarando toda a opressão que sua beleza esconde. A temática LGBTQIA+ levanta discussões de questões fundamentais relacionadas ao momento histórico atual, como gênero, racismo, identidade, transfobia, violência das ruas, violência das instituições e prostituição. Esta publicação contou com o apoio do Proac Quadrinhos, da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo.

O traço do experiente Alcimar Frazão dá vida em tons de azul escuro às 80 páginas da narrativa concebida por Lobo, que, além de roteirista, é o editor responsável pela Brasa Editora. “Partes dessa história eu ouvi de uma travesti enquanto juntava as informações para escrever Copacabana. O relato me impressionou tanto que achei que valia um voo solo. Mas o roteiro ficou lá, pegando poeira no meu HD“, conta o editor que, em 2009, já havia se aventurado em outra HQ pelas ruas do Rio de Janeiro, Copacabana, escrita por ele e desenhada por Odyr, lançada pela Editora Desiderata. Frazão também se vale de pessoas reais para compor seus personagens e afirma que esta é uma história que fala sobre gente viva, que quer seguir em frente e ter seu lugar. Fala de violências reais e diárias a que as pessoas estão submetidas para manter uma sociedade de aparência e hierarquia. Fala de amor e fala da sua ausência. “Lovistori é um acontecimento sobre como a cidade molda os amores que ela abriga e que ela obriga. Conta a história de gente que quer viver sua vida, chegar até o final do dia. Como artista me interessa muito construir a partir desse lugar, de falar de nossa vida miúda, de seguir resistindo, tentando superar a cidade e sua forma de nos fazer sumir.

Lovistori tem os paratextos assinados por Monique Prada e Priscila Fróes. Monique é autora do livro Putafeminista, da editora Veneta, onde expõe ideias que servem de base para o “putafeminismo”, um movimento que dá voz às trabalhadoras sexuais e fortalece a luta dessas mulheres por direitos e contra a opressão, sem que para isso precisem abrir mão de seu trabalho ou se envergonhar dele. Sobre Lovistori, Monique acredita que o romance pode levar as pessoas à reflexão, sobretudo no papel das travestis prostitutas. “São corpos vistos como menos que humanos, ficção sugada da realidade diária. Mulheres que não foram feitas para o amor, mas para o gozo às escondidas. Existências fadadas às esquinas escuras, com direito apenas a momentos de felicidade clandestina. O livro leva o leitor de volta no tempo, umas duas ou três décadas, à Copacabana de ontem – embora os preconceitos sigam presentes”. Já Priscila Fróes, artista visual, considera Lovistori uma obra com um realismo que pode parecer distante ao leitor cis. “Talvez uma pessoa cisgênera apenas acredite ser uma obra de ficção, mas não é ficção, é a realidade nua e crua que tanto é retratada na ficção que passa a ser mais real no mundo”, pontua.

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Brega Story acaba de ganhar o troféu CCXP Awards de Melhor Álbum, importante premiação que traz consigo uma simbologia para este momento em que vivemos. Nessa trama que aborda a vaidade, o assédio moral e sexual em meio a cena do tecnobrega paraense, há um mergulho na cultura do Norte, em toda sua beleza e contradições. “Investigar a Amazônia urbana me abriu portas para conhecer as belezas de Macapá, Oiapoque, Manaus, e até os nossos vizinhos, o Suriname e a Guiana Francesa. Apesar disso, a região possui os piores índices de desenvolvimento humano, altas taxas de homicídio, carência em saneamento básico e educação. Artistas, jornalistas, intelectuais, enfim, todos nós, temos papel fundamental na reversão desse quadro. E ninguém deveria morrer por abraçar essa causa. Esse prêmio representa o reconhecimento da importância de mais espaço para os artistas brasileiros, em especial do Norte, que pensam a Amazônia a partir de uma perspectiva única e genuína”, afirma Gidalti Jr.

Ganhador do prêmio Jabuti de histórias em quadrinhos com Castanha do Pará, em 2017, Gidalti busca reproduzir em Brega Story toda a explosão de som, luzes, cores e formas de um dos gêneros musicais mais expressivos do Brasil, trazendo uma obra vibrante que fala por si só. “O brega flerta com esse ambiente. Apesar da influência estética europeia em Belém, também temos um forte movimento popular que nega isso e cria as suas referências com inspiração na cultura pop, nos mega shows e na música internacional. É um caldeirão, que também se movimenta com influência de várias tecnologias, como a TV, o rádio, a internet e as redes sociais“, completa o autor.

SOBRE A BRASA EDITORA
A Brasa Editora é um selo de quadrinhos que publica histórias sobre o Brasil para leitores do mundo e já está disponível em mais de três países. Os títulos lançados estão sendo recebidos com entusiasmo e seguem com indicações a diversos prêmios. Lobo, com passagem nas editoras Desiderata e Barba Negra, assume a cadeira de editor e curador da Brasa.

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Site Oficial: https://www.brasaeditora.com.br
Instagram: https://www.instagram.com/brasaeditora

* Os livros estão à venda no site da editora

Informações para a imprensa:
Bebê Baumgarten Comunicação

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