Uma das mais elogiadas produções da atual safra teatral gaúcha está de volta, com apresentações de 8 a 17 de julho no Teatro Renascença de Porto Alegre
Após grande sucesso de público desde a estreia em janeiro, na 23ª edição do Porto Verão Alegre, e as temporadas realizadas em março, no Teatro Bruno Kiefer da Casa de Cultura Mario Quintana, em abril no Theatro São Pedro, e em maio na programação do 16º Festival Palco Giratório, retorna a cartaz o espetáculo “O inverno do nosso descontentamento – Nosso Ricardo III“. As novas apresentações irão ocorrer de 08 a 17 de abril, com sessões sextas e sábados, às 20h, e domingos, às 18h.
Nos dias 8 e 15 de julho, nas duas sextas-feiras da temporada, haverá uma conversa com convidados da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA). No dia 8 de julho, participa o psicanalista Carlos Augusto Ferrari Filho, e no dia 15 o psicanalista Paulo Berél Sukiennik, que trarão suas visões sobre os temas abordados pelo espetáculo.
A montagem reverencia William Shakespeare em um de seus textos mais conhecidos, Ricardo III, e celebra, também, vinte anos da Cia Teatro ao Quadrado e marca a volta de Luciano Alabarse como diretor teatral – ele assina a direção do espetáculo que conta com as elogiadas atuações de Marcelo Ádams e de Margarida Peixoto.
“Desde a estreia do espetáculo, no início de janeiro de 2022, temos testemunhado acontecimentos assustadores em nosso planeta, o principal deles a invasão da Ucrânia pela Rússia. Presenciamos com isso o fortalecimento de mais um governante que faz uso de seu poder bélico para difundir morte e destruição. O invasor Putin é mais uma face dos Ricardos III aparecidos ao longo da História. Estamos convencidos de que o espetáculo O inverno do nosso descontentamento – Nosso Ricardo III está ainda mais atual após essa tensão no leste europeu, mas que nos afeta a todos”, refletem Margarida Peixoto e Marcelo Ádams.
O Ricardo da montagem é o vilão shakespeariano, mas não só. Como ele mesmo avisa, retrata em si, e para além de si, os tiranos genocidas de todos os séculos. Essa é a deixa para falar dos Ricardos que o sucederam. Não há truques nessas transformações do personagem. Mudanças de corpo, voz e figurinos fazem a narrativa fluir e avançar. À frente do público, prescindindo o uso de ferramentas tecnológicas, a estrutura dramatúrgica, complexa e interessantíssima, levou à escolha de uma artesania teatral simples e surpreendente.
A cumplicidade para um resultado teatral satisfatório pede confiança. E é exatamente este o caso. Luciano Alabarse, Marcelo Ádams e Margarida Peixoto já trabalharam muitas vezes juntos. São parceiros de espetáculos e sonhos. São mais que colegas, são amigos.
CONSTRUÇÃO COLETIVA
“O entusiasmo com a montagem é total. Nosso Ricardo III é uma peça que, atemporal, fala para o aqui e o agora. Porto Alegre. Brasil. Mundo inteiro. O poder e seus tentáculos, os discursos que não disfarçam a ganância e a prepotência. O inverno do nosso descontentamento é a reunião de pessoas de teatro que têm dedicação ao seu ofício e que se entregaram ao espetáculo. Voltar a cartaz com essa peça dá um frio na barriga e um orgulho danado”, revela Luciano Alabarse.
Tratadas individualmente, cada uma como um universo em si mesmo, as cenas foram se imantando de forma surpreendente. Trechos de outras peças de Shakespeare se impuseram, discussões e leituras sobre os teatros de Bertolt Brecht, Heiner Müller e Angélica Liddell – fontes de inspiração e estudos que guiaram as escolhas (a fragmentação épica de cenas que se sucedem rapidamente, a desconstrução de obras clássicas da literatura ocidental, a ferocidade da linguagem cênica, a performatividade das atuações), citações presidenciais e fatos da política brasileira, tudo foi passando por depuração e contribuições pessoais – até chegar a uma dramaturgia adequada ao propósito. O espetáculo é fruto dessas escolhas. Segundo Luciano Alabarse, todo o grupo é autor e coautor do resultado final.
O cenário, composto por mobiliário hospitalar, muitos livros e brinquedos infantis hospitalares dispostos em um espaço indefinível, não é por acaso. Reforçam de maneira brutal todas as doenças, físicas e psíquicas, das personagens. O mundo está doente. Pestes e epidemias dizimam sociedades enquanto líderes políticos agem sem escrúpulos para manter seus poderes.
CIA TEATRO AO QUADRADO
A Cia Teatro ao Quadrado tem como fundadores os artistas teatrais e professores de teatro Marcelo Ádams e Margarida Peixoto, e foi criada em 2002, em Porto Alegre/RS. Nesses 20 anos de atividades, divididas entre a criação de espetáculos teatrais e as oficinas de atuação, produziu dezenas de trabalhos cênicos. Os espetáculos da Cia Teatro ao Quadrado receberam vários prêmios nos âmbitos municipal, estadual e federal, como o Açorianos de Teatro, o Myriam Muniz/Funarte, o Petrobras/Circulação Nacional, o Prêmio de Montagem do Teatro de Arena/RS e o Fumproarte/Porto Alegre. Entre os trabalhos da companhia estão Os homens do triângulo rosa (2014), Artimanhas de Scapino (2012), A lição (2010), Mães & Sogras (2010), O médico à força (2008), Burgueses pequenos (2006), Goela abaixo ou Por que tu não bebes? (2005), Sofá, uma comédia picante (2005), Escola de mulheres (2004) e A secreta obscenidade de cada dia (2002).
Marcelo Ádams é ator, diretor teatral, dramaturgo, professor de Teatro da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul e Doutor em Teatro pela UDESC. Como ator, participou de dezenas de produções em teatro, cinema e teledramaturgia – dentre elas, trabalhos em espetáculos como Os homens do triângulo rosa (2014), pelo qual recebeu o Prêmio Braskem de Melhor Ator; A vertigem dos animais antes do abate (2014); Artimanhas de Scapino (2012); A lição (2010); Édipo e O médico à força (2008), pelos quais recebeu o Prêmio Açorianos de Melhor Ator; Hamlet (2006); O homem e a mancha (2006), pelo qual recebeu o Prêmio Açorianos de Melhor Ator; Goela abaixo ou Por que tu não bebes? (2005); A ronda do lobo- 1826 (2002) e As núpcias de Teodora – 1874 (2000). Atuou em filmes como Os senhores da guerra (2014), Quase um tango (2009) e Noite de São João (2003). Autor do livro Adolphe Appia – Atuação Teatral, Música e Espaço (São Paulo: Giostri, 2021).
Margarida Peixoto é atriz, diretora teatral e professora de Teatro. Como atriz, atuou em muitas produções em teatro, cinema e teledramaturgia, dentre as quais estão espetáculos como Mães & Sogras (2010); Bodas de sangue (2010); Platão dois em um (2009); Burgueses pequenos (2007); Hamlet (2006), pelo qual recebeu o Prêmio Açorianos de Melhor Atriz Coadjuvante; Locomoc e Millipilli (2005) pelo qual recebeu o Prêmio Tibicuera de Melhor Atriz Coadjuvante; Goela abaixo ou Por que tu não bebes? (2005); As traças da paixão (1999); Beladormecida (1995); Romeu e Julieta (1993) e Vida de cachorro (1993). Atuou em filmes como Quase um tango (2009), Saneamento básico, o filme (2007) e O homem que copiava (2003).
FICHA TÉCNICA:
O inverno do nosso descontentamento – Nosso Ricardo III
Encenação: Luciano Alabarse
Atuação: Marcelo Ádams E Margarida Peixoto
Dramaturgia: Luciano Alabarse, Marcelo Ádams E Margarida Peixoto, a partir de A tragédia do rei Ricardo III, de William Shakespeare
Figurinos: Antonio Rabàdan
Cenografia: Luciano Alabarse
Iluminação: Maurício Moura e João Fraga
Trilha Sonora Pesquisada: Marcelo Ádams e Luciano Alabarse
Operação de sonoplastia: Luiz Manoel
Produção: Cia Teatro ao Quadrado e Luciano Alabarse
Produção Executiva: Jaques Machado e Lincoln Camargo
Identidade Visual: Dídi Jucá
Costureira: Maria José Leoni
Realização: CIA TEATRO AO QUADRADO 20 ANOS
SERVIÇO:
O INVERNO DO NOSSO DESCONTENTAMENTO – NOSSO RICARDO III
De 08 a 17 de julho
Sextas-feiras e sábados, às 20h
Domingos, às 18h
Teatro Renascença (Av. Erico Verissimo, 307 / Azenha / Porto Alegre – RS)
INGRESSOS:
Antecipados, com taxa de conveniência, no SYMPLA (www.sympla.com.br )
R$ 60 (inteira)
R$ 30 (meia-entrada)
Descontos para idosos, estudantes, pessoas com deficiência, jovens de baixa renda e doadores de sangue, conforme lei.
Informações para a imprensa:
Silvia Abreu
Fotos:
Alisson Haguiar Phernandes