Bulldozer – The Final Separation (Um Metal por Dia)

Bulldozer – The Final Separation

Um dos nomes cult do cenário Black Metal, o Bulldozer infelizmente nunca conseguiu se estabelecer para além do underground

O grupo italiano, que iniciou a sua trajetória em 1980 e permanece em atividade até hoje, chegou a assinar um contrato com a Road Runner Records, mas que foi rompido após o fracasso comercial dos seus dois primeiros discos.

Se “The Final Separation” é o álbum que colocou um ponto final na relação da banda com a gravadora, o registro – que chegou às lojas em 1986 – é aquele que melhor mostra a essência do Bulldozer. Influenciados pelo Speed Metal e pela sonoridade do Venom e do Celtic Frost, Ac Wild (vocal e baixo), Andy Panigada (guitarra) e Don Andras (bateria) criaram aqui um material bem interessante, que tem na sua pegada orgânica a sua maior virtude.

Com um repertório rústico e direto, o power trio de Milão acertou ao dar ao disco um contorno bem despojado, que pode ser percebido pelos riffs sujos, pelos andamentos acelerados que beiram o punk e pelas letras que não tratam apenas de temas ligados à religião, como bem comprova “Sex Symbols’ Bullshit”, por exemplo. produzido pela própria banda, “The Final Seperation” tem uma aura tipicamente oitentista e, mesmo com as suas limitações técnicas, foge daquela tosquice que caracterizou os primeiros anos do metal extremo.

O Bulldozer, cujo bom humor foi incompreendido na época, mostrou muita criatividade em um repertório de oito faixas, em que o traço obscuro é apenas um detalhe. “The Cave”, “Never Relax” e “Don’t Trust the Saint” são os principais destaques da obra, que sai totalmente da curva ao adicionar uma inusitada releitura da folk napolitana “Jamme Jà”, que se chama “Don Andras”.

Com apenas dois mil ouvintes mensais no Spotify, o legado deixado pelo grupo ainda não é visto de forma unânime, mas aos poucos está crescendo. “The Final Seperation” foi lançado pela primeira vez no brasil em 2021, através de uma edição super caprichada capitaneada pela Evil Invaders Records, com um pôster de brinde e/ou num box com outros três cd’s do grupo.




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